Agricultura Familiar e Economia Solidária: Contribuições para promoção da Segurança Alimentar e Nutricional
Os grupos de Agricultura Familiar estão organizados como associações, grupos informais, mas predominantemente em formas cooperativas. Quanto às atividades coletivas desenvolvidas, os eixos (1) Comercialização, (2) Decisões de interesse dos grupos e (3) Divisão de recursos (sobras) são as que ocorrem com maior frequência. Já em relação aos princípios da Economia Solidária, os grupos sinalizam desenvolver, em sua maioria, “parceria com outros grupos de economia solidária” e “participação em atividades da comunidade, bairro, território” que se manifestam numa escala de “presente e forte”. As ações de comercialização coletiva têm potencializado o escoamento da produção dos agricultores familiares, que no contexto da pandemia desenvolveram sistemas de entregas em domicílio e em pontos de entregas (dos alimentos previamente pedidos, via plataforma eletrônica ou listas de whatsapp). Isso vem possibilitando a venda direta aos consumidores, reduzindo atravessadores e estabelecendo circuitos curtos de produção e consumo. A partir dessa forma de comercialização os grupos colaboram com a promoção da segurança alimentar e nutricional porque viabilizam acesso a alimentos saudáveis e, simultaneamente, com a consolidação da agricultura familiar. Nessa esteira, a Economia solidária fortalece a agricultura familiar na medida em que os trabalhadores coletivamente conduzem atividades de produção e comercialização, criando e possibilitando espaços (virtuais) de acesso a alimentos seguros e saudáveis. Outro elemento de importante destaque tem sido a instituição de redes através de parcerias com outros grupos de economia solidária, fortalecendo-os mutuamente. Nesse aspecto, os grupos da agricultura familiar sinalizaram o envolvimento no apoio, organização e distribuição de doação de alimentos a famílias e grupos em situação de vulnerabilidade. A despeito dessa articulação e importância de suas ações ações para a sociedade e para a promoção da segurança alimentar e nutricional, poucos grupos vem recebendo algum apoio governamental neste período de pandemia. Ressalta-se que a dificuldade mais pontuada pelos agricultores é a falta de espaço físico para o trabalho coletivo, equipamentos e outros recursos para a produção, o que denota ainda a residualidade das políticas públicas neste setor.
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